Independentemente da forma como encaramos os sonhos, todos necessitamos de idealizar algo. Precisamos de possuir um ideal, um desejo, uma ambição. No fundo, algo que nos incentive e que nos leve a perseguir um objectivo. Não importa o conteúdo nem a sua possibilidade, enquanto sonho. O que é realmente importante é a fantasia, o prazer e a felicidade que a imaginação nos pode proporcionar. Visualizar a concretização desse mesmo sonho e lutar por ele traz-nos não só satisfação, mas também o desenvolvimento da nossa força de vontade. A imposição de metas é fundamental para que nos sintamos estimulados. E por mais realista que se seja, todos nós sonhamos, ainda que a frequência com que o fáçamos possa ser diferente. Porém, nem todos os sonhos são possíveis de realizar...
É na fronteira sonho-realidade que o conteúdo daquilo que se sonha começa a ganhar outra relevância. O que é exterior ao nosso pensamento e às nossas ideias deixa de depender apenas de nós próprios quando existem outras vontades, das quais os sonhos dependem, cujas mesmas podem ser opostas às nossas. Existem circunstâncias que problematizam as nossas ambições e com as quais podemos aprender a lidar, transformando-as (ou não!) Depende muito de cada situação e de todos os factores abrangidos, assim como a grandeza que o sonho tem. Muitos dos sonhos são fantásticos, impossíveis de colocar em prática no dia-a-dia. Um dos mais comuns, e talvez dos mais adequados exemplos que se podem referir nesta situação, é a paz no Mundo. Por mais que se deseje, essa paz será sempre uma utopia (e não estou a ter uma visão negativa, mas sim sensata!) No entanto, e ainda sabendo que o seu alcance é apenas uma miragem, devemos lutar por ela, se for algo que nos suscite preocupação. Se não existirem pequenos gestos em pró desse mesmo ideal, a paz cada vez mais fugirá do nosso alcance, existindo maior número de conflitos e de exclusões sociais. Devemos perseguir aquilo em que acreditamos, aquilo que o nosso interior nos indica, mesmo que não consigamos uma completa realização. Pelo menos realizamo-nos a nós, pois estamos a agir em conformidade com o que achamos correcto e por mais acções contraditórias que existam, cada atitude tem a sua importância. Mudar o mundo é uma tarefa incapaz de ser bem sucedida à vista de um conjunto de seres-humanos: nunca existirão pensamentos 100% iguais em determinado ponto de vista. Porém, jamais deveremos cruzar os braços... Se não concordamos com guerras, exclusão social, racismo, devemos opor-nos (ainda que existam pessoas a favor!) É a inevitável questão de que ninguém é igual a ninguém, ainda que todos sejamos humanos: "todos diferentes, todos iguais". Quando os sonhos são universais são meras utopias, mas utopias que, contudo, não devemos ignorar!
Por outro lado, existem sonhos de uma grandeza menor, mais fáceis de alcançar, que abrangem um menor grupo de envolvência na sua concretização. No entanto, se os sonhos dependerem de outras pessoas continuam a ser uma incógnita: só a vontade do outro poderá determinar a realização de determinado sonho. Se as evidências coinciderem, basta batalhar para concretizar aquilo com que se fantasia. Se, por outro lado, não coinciderem, será muito mais difícil alcançar aquilo que queremos. A verdade é nua e crua: devemos ter presente a ideia de que os sonhos que construímos só são garantidamente possíveis de concretizar quando dependem exclusivamente de nós. O futuro é o exemplo crucial daquilo que nós decidimos, das escolhas que tomamos, do caminho que seguimos. Se o nosso objectivo é um bom emprego devemos ter habilitações que nos facilitem a obtenção daquilo que desejamos: está nas nossas mãos. Se queremos uma vida organizada devemos planificar e estipular horários para concretizar tarefas: tudo depende do nosso esforço. Nosso, volto a afirmar. Ninguém decide o nosso percurso intelectual se não nós próprios. Cada um, de forma autónoma, traça a sua rota e segue o seu destino. E todo ele parte dos sonhos iniciais que todos nós temos, e que jamais poderemos renunciar.
É importante sonhar, seja de que forma for. Independemente da grandeza dos sonhos, da sua realização futura, o ser-humano precisa de buscar algo que o fundamente e que o complete. Só os sonhos nos podem trazer essa motivação. Porém, que ninguém se iluda. Para conseguirmos ser Homens equilibrados há que ter a cabeça no céu e os pés na Terra!
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